domingo, 27 de novembro de 2011

Mais um grupo de estágio

Trabalhar supervisionando estágio é muito bom e muito ruim ao mesmo tempo.
Encontramos com os alunos muitos dias da semana e por muitas horas, um contato íntimo. Conhecemos pessoas, meninas e futuras profissionais.
Sempre que chega ao fim mais um grupo de estágio, me pergunto: Será que eu consegui fazer com que estas meninas-mulheres-profissionais, aprendessem algo de realmente valoroso? Será que elas consiguiram perceber que o conhecimento abre portas e não somente técnicas? Será que aprenderam a lidar com o outro ser humano em situação de fragilidade?
Acho que não tenho como saber a resposta. O meu maior desejo é que no futuro eu possa ser cuidada por uma delas com o mesmo amor que cuido daqueles que estão sob os meus cuidados.
Mesmo sem saber esta resposta ( pra quem me conhece saber que tenho a resposta para "tudo") continuo seguindo e acreditando que pouco ou muito deixei a minha marca e que meu sonho se realizou.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Reflexões de uma ciência a qualquer custo

O progresso da ciência nos últimos anos é algo astrondoso e que também nos assusta. Muito se evoluiu: a descoberta de novas tecnologias, homens indo à lua, medicamento revolucionando vidas. Mas, tudo isso a que preço? Quantas vidas foram ceifadas para se descobrir o mecanismo de funcionamento de uma células ou mesmo como enfermidades agiam dentro do corpo humano?
Algumas perguntas começam a ser esclarecidas. Mas certamente tantas outras ficaram na obscuridade da falta de ética e compromisso com atitudes humanizadas.
Questões etnorraciais permeiam a ciência e ficaram evidentes com a descoberta do uso de presidiários, negros judeus como cobaias em experimentos não consentidos ou pouco  esclarecidos  do seu risco potencial.
Construir uma nova ciência a cada dia é mais do que necessário, o mundo precisa disso. O que nos preocupa é o fato de quanto isso tudo custará a todos, sob o ponto de vista moral, e também para aqueles que apenas consentem que o progresso venha sem medir as consequências.
Para se ter uma nova perspectiva é imprescindível formar futuros pesquisadores conscientes de suas ações e imbuidos de uma ciência " limpa". Pessoas engajadas em promover avanços baseados em compromissos com o ser humano e não com a indústria multibilionária da medicina.
Mas, onde se aprende a ser assim? Dentro da sala de aula. Tudo isso é questão de uma formação adequada, baseada em princípios norteadores de uma prática livre de preconceitos e pactuadas com o progresso do ser humano.
O professor tem papel determinante na construção de um ensino de qualidade sob dimensões variadas. Pensar que seu aluno deve ter um olhar crítico e envolvido com as questões do seu cotidiano, trazer argumentos reais baseados na ética e humanizadoras.
Situações como a de Henrietta Lacks provavelmente ocorrerão aos montes e não temos conhecimento. Mas algo me inquieta sob o ponto de vista pedagógico. Como terá sido a formação dos pesquisadores que utilizaram as células HeLa? Talvez possam ter aprendido que a ciência pode se sobrepor a tudo. E outra pergunta pertubadora. Como estamos formando hoje nos futuros pesquisadores?